O Municipal e o Meu Amado Imortal
Lembro, como se fosse hoje, da primeira vez que fui ao Theatro Municipal de São Paulo. Era ainda adolescente e fui ver um concerto. A Nona Sinfonia de Beethoven. Pirei! Com o lugar, com a música, e com a emoção que aquilo me proporcionou. No final do espetáculo estava debulhada em lágrimas, de pé e aplaudindo efusivamente.
Foi uma experiência arrebatadora, e a partir dela desenvolvi meu gosto pela música clássica e criei apego ao Theatro Municipal. Antes que você questione, aviso que é assim mesmo que se escreve, com "TH". Theatro. Como na época de sua inauguração.
O teatro, que começou a ser construído em 1903 e demorou 8 anos para ficar pronto, foi projetado pelo escritório do famoso arquiteto Ramos de Azevedo. Na época a prefeitura da cidade ofereceu 50 anos de isenção de impostos a quem se dispusesse a construir do prédio. Três barões do café aceitaram o acordo.
Inspirado na Opera Garnier de Paris, foi de lá que veio seu estilo, assim como muitos dos materiais para sua construção que vieram não somente da França, como de toda a Europa. O edifício em si é uma obra de arte primorosa.
Logo que você entra no saguão principal se impressiona com a linda escadaria que veio toda da Itália e é feita com três tipos de mármores (Carrara, Verona e Siena). As estátuas de bronze desse mesmo saguão, representando as nove musas da mitologia grega, vieram diretamente de Paris. Os mosaicos foram feitos com vidros coloridos vindos de Veneza. A mobília do Fumoir para mulheres possui itens vindos de mais longe ainda. Da Síria!
O Salão Nobre, também conhecido como Salão de Festas, pois antes era usado para isso (pra ter uma ideia o baile de formatura da minha mãe foi nesse salão), foi inspirado na galeria dos espelhos do Palácio de Versalhes. Os espelhos e cristais do lustre vieram de Bélgica, os vitrais são da Alemanha e a tapeçarias de Milão.
O tapete é mais recente e foi feito pelos irmãos Campana, designers brasileiros famosos mundialmente, para proteger a madeira do piso original que é feito de madeiras nobres brasileiras como peroba rosa e pau marfim.
A sala de apresentações tem 1534 lugares e era originalmente com tapetes, cortinas e estofados de veludo verde. Hoje tudo é vermelho. O palco é no formato italiano com fosso para uma orquestra de até 100 músicos.
O prédio inteiro é um primor. Realmente lindo e está muito bem conservado. Para quem quiser conhecer, o teatro possui diariamente visitas guiadas gratuitas. Vale muito a pena! E vale ainda mais a pena se você tiver a oportunidade de assistir algum espetáculo no local.
A programação da temporada de 2016 já foi divulgada e os ingressos estão a venda. Tem muita coisa bacana. Em agosto por exemplo, começa o Festival Beethoven. A série de concertos do compositor apresentadas pela Orquesta Sinfônica Municipal regida pelo famoso maestro John Neschling promete. Eu já garanti meu ingresso para assistir a mesma Nona Sinfonia de Beethoven que assisti no Theatro a primeira vez. Mas agora estou preparada, levarei um lencinho para enxugar as lágrimas.
Filmes sobre Beethoven
Como sempre adoro recomendar algum filme. Aqui vão dois!
Minha Amada Imortal
Viena, 1827. Ludwig Von Beethoven (Gary Oldman) morre e um grande amigo do compositor, Anton Felix Schindler (Jeroen Krabbé), decide cumprir o último desejo do maestro, que deixava em testamento tudo para a "Amada Imortal", sem especificar o nome desta mulher. Assim empreende uma jornada tentando encontrá-la, encontrando em sua procura um retrato desconhecido de Beethoven.
O Segredo de Beethoven
Anna Holtz (Diane Kruger) é uma jovem de 23 anos que sonha em se tornar uma compositora. Como estudante do Conservatório de Música, ela é indicada para um cobiçado cargo em uma editor musical. Devido a uma série de eventos ocasionais ela é designada para trabalhar juntamente a Ludwig van Beethoven (Ed Harris), o mais celebrado artista vivo da época. Inicialmente descrente, Beethoven faz a Anna um desafio de improvisação, no qual ela demonstra sua sensibilidade musical. Beethoven a aceita como escriba, dando início a um forte relacionamento entre os dois.
Para encerrar deixo aqui uma cena desse filme onde Beethoven apresenta pela primeira a Sinfonia No 09, composta quando já estava surdo. Emocione-se!
#FICA A DICA
Visitas Guiadas no Theatro Municipal de São Paulo e Praça das Artes
Entrada franca
Visitação para público espontâneo
De terça-feira a sexta-feira: às 11h, 15h e 17h
Sábado e feriados: às 11h, 12h, 14h e 15h
Inscrições no local, a partir das 10h, por ordem de chegada, para todos os horários do dia.
Lotação por horário: 50 pessoas
Indicação etária: 10 anos
Restaurante no Theatro Municipal de São Paulo
Caso queira almoçar por lá, tem um restaurante bem gostosinho, o Santinho.
Praça Ramos de Azevedo, nº 01 – República – Theatro Municipal de São Paulo
Telefones: 11 3222-1683 e 3221-8061
Email para reservas: tm.reservas@restaurantesantinho.com.br
Capacidade: 82 lugares
Site oficial: Restaurante Santinho
Preços
De segunda a sexta: R$ 48 (por pessoa, não inclui sobremesa).
Sábado: R$ 68 (inclui sobremesas)
Crianças até 4 anos não pagam (desde que acompanhadas de um adulto, até 2 crianças por adulto).
Crianças de 05 a 10 anos e babás pagam 50%.