A Arte da Improvisação
Já comentei aqui no blog sobre meu gosto pelo jazz. Ninguém é obrigado a gostar, mas no intuito de fazer com que você ao menos 'experimente' o jazz, aqui vai outro post sobre o jazz... E sobre a vida...
A maioria das pessoas não aprende a apreciar o Jazz. Talvez por ser algo inesperado, improvisado, e poucos gostam disso. A pessoas reclamam da rotina, só que, ironicamente, precisam dela. Preferem programar e controlar tudo o que virá.
Quando parei de trabalhar ano passado, fiquei deprê. Como assim acordar sem saber exatamente o que vou fazer durante o dia? Isso às vezes é desesperador, e quando você vê já montou uma rotina novamente, mesmo que ela não envolva trabalho. Percebi que estava ficando estressada, de tantas tarefas que colocava para fazer no dia, mesmo sem um emprego.
Durante as férias, alguns conseguem relaxar (eu ao menos consigo). Então pensei; "Vou tirar "férias"! Quem sabe assim relaxo e tiro algo bom desse meu período sabático.". Aproveitei as (muitas) milhas e a (pouca) grana que eu tinha guardado e fui viajar. Mas dessa vez sem programar muito, o que na verdade exigiu de mim um certo desprendimento. E praticar o desapego ao controle e ao planejamento não foi super fácil, mas também não foi tão difícil quanto eu imaginava.
Meu ano passado foi meio assim, no improviso. De vez em quando ficava meio desesperadinha, mas passava. A verdade é que não dá pra prever nada nessa vida. Quer maior improviso que perder o emprego? Quem é que planeja isso? Por isso temos que aprender a curtir cada momento. Estar aberto a novidades, mudar os planos quando for necessário (ou não), não se irritar caso algo não saia como esperado, permitir que as surpresas apareçam... E improvisar.
Acontece que dominar a arte da improvisação, na música ou fora dela, é menos simples do que parece. A maioria de nós tem condições de ser um improvisador, assim como qualquer instrumentista tem capacidade para executar um bom jazz. Só fica mesmo o medo de arriscar.
Eu li em algum lugar que um 'bon vivant' tem potencial para ser um jazzista do mundo, assim como é possível um bom músico ser um bom jazzista. Mas para viver no improviso é preciso, em geral, maior conhecimento e habilidade do que para viver sempre na mesma cadência e ritmo. E como adquirir conhecimento e habilidade? Praticando!
É difícil mudar e saber em que momento fazê-lo. Ouvir jazz é não saber ao certo o que virá a seguir. Mas tenho a certeza de que será encantador. Afinal, a vida é encantadora.
E se a vida for de fato grande composição, então que a música seja jazz.