Brilho Eterno de Uma Mente COM Lembranças
- Vanessa Muniz
- 17 de mai. de 2016
- 2 min de leitura

Semana passada li que Pesquisadores da Universidade Stony Brook, em Nova Iorque, conseguiram manipular com sucesso a memória em testes com ratinhos, deletando algumas delas. Isso fez que eu me lembrasse de um dos filmes românticos que mais gosto chamado “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”.
No filme Joel e Clementine formavam um casal que durante anos tentou fazer com que o relacionamento desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre e, para tanto, aceita se submeter a um tratamento experimental, que retira de sua memória os momentos vividos com ele. Após saber de sua atitude Joel entra em depressão, frustrado por ainda estar apaixonado por alguém que quer esquecê-lo. Para superar a questão, Joel também se submete ao tratamento experimental. Porém no meio do tratamento ele acaba desistindo de tentar esquecê-la e começa a encaixar e esconder Clementine em momentos de sua memória os quais ela não participa para poupar o pouco que resta da sua amada.
Na época em que assisti a esse filme também tinha acabado de sair de um relacionamento fracassado, e até pensei em como seria bom se existisse um tratamento para eu esquecer aquilo. Pois mesmo o relacionamento tendo acabado eu ainda pensava muito naquilo, tentando analisar o que deu errado, sentindo saudade das coisas boas, culpa pelas que deram errado, raiva dos acontecimentos ruins, frustração pelas que não consegui superar...
Pensei em como seria apagar os momentos de sofrimento com a morte do meu pai, com a doença do fim da vida dos meus avós ou com o arrependimento de já ter magoado as pessoas que amo. Mas tenho a total consciência que sem essas lembranças eu não seria nem metade do que sou, não teria aprendido nem um quarto do que aprendi, e não teria conquistado um terço do que conquistei. Claro, talvez fosse mais ingênua e menos desconfiada, talvez me apaixonasse com mais facilidade, talvez fosse até mais alegre... Mas não troco minhas lembranças, todas as dores e as delícias que vivi, por nenhum esquecimento.
Mas como tudo na ciência, existe outro lado. A descoberta dos pesquisadores não se limita a deletar memórias. Eles fizeram o teste de aumentar a quantidade de neurotransmissor, e com isso, prolongaram a memória de curta duração dos ratinhos.
Os cientistas esperam fazer testes em humanos daqui a alguns anos e imaginam que a descoberta possa ter uma função dupla para promover a saúde mental. Com o mecanismo do esquecimento, eles esperam melhorar quadros de transtorno de estresse pós-traumático, em que os pacientes revivem memórias perturbadoras. Com o efeito oposto, os pesquisadores querem ajudar pacientes com Alzheimer e outras formas de demência que prejudicam a memória.
Espero sinceramente que isso seja usado para o bem. Descobertas científicas são brilhantes, mas perigosas nas mãos erradas. É só ver o passado e aprender com ele. Ops! Mas e se a gente esquecer o passado?
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