Os atores "do método"
Alguns atores de Hollywood utilizam "O Método" para desenvolver seus personagens. São conhecidos com “os atores do método”, assim chamados pejorativamente, ou não. Não há dúvida que dentre esses atores se encontram os melhores do cinema, como Robert De Niro, Jane Fonda, Jack Nicholson, Al Pacino, Sissy Space e Marlon Brando.
"O Método" originalmente foi formulado pelo russo Constantin Stanislavski e adaptado e difundido nos Estados Unidos por Lee Strasberg. A filosofia de Stanislavski era uma parte do movimento realista teatral e com base na ideia de que uma grande atuação é um reflexo da "verdade" transmitida tanto interna como externamente através do ator.
O método de Strasberg baseia-se na ideia de que, a fim de desenvolver uma compreensão emocional e cognitiva de seus papéis, os atores devem usar suas próprias experiências para se identificar pessoalmente com seus personagens. A dependência a este método de agir faz com que alguns dos “atores do método” muitas vezes repliquem condições externas de um papel para criar experiências que recorrerão ao atuar.
Esta prática pode se tornar tão extrema a ponto de ser potencialmente perigosa, pois não é inédito para esses atores se absterem de alimento, sono ou da interação social, em um esforço para melhorar o seu desempenho. Alguns chegam a procurar a ajuda de psicólogos.
Alguns casos ficaram famosos como o de Jack Nicholson que foi submetido, por vontade própria, a sessões de terapia com eletrochoque para viver seu papel em “Um Estranho no Ninho”. Ou de quando Christian Bale, que também utiliza “o método”, perdeu tanto peso para interpretar seu personagem em “O Operário”, que os produtores, preocupados com sua saúde, o impediram a continuar com isso.
O caso mais extremo foi o de Heath Ledger. Muitos acreditam que o ator acabou sendo contagiado pela loucura do Coringa, que viveu em “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, e que isso acabou levando-o à morte. Isso nunca saberemos, mas a verdade é que Ledger tinha incorporado tanto o Coringa que até fez um diário no qual descrevia sua vida como se realmente fosse o personagem. O ator acabou ganhando o Oscar pelo papel.
Bom, separei aqui outros casos de mais três “atores do método”, um de cada geração.
Robert De Niro
Hoje em dia, Robert De Niro parece estar mais tranquilo, dando vida a personagens mais light e que não exigem uma atuação tão intensa. Mas no passado não foi bem assim.
Para viver Travis Bickle em “Taxi Driver” de Martin Scorsese, o ator tirou mesmo uma licença de taxista e passou a trabalhar nas ruas de Nova York durante 12 horas por dia, para entender como era a rotina de um motorista. Ganhou o Oscar pelo papel.
Em Cabo do Medo, De Niro pagou para um dentista destruir os seus dentes para que pudesse se adequar ao personagem. Ele admite que grande parte do dinheiro que recebeu pelo filme foi dedicado à restauração dos dentes. Foi nomeado ao Oscar.
Outra grande transformação foi em “Touro Indomável”, outra parceria sua com Martin Scorsese. As filmagens foram suspensas por 2 meses para que De Niro pudesse engordar o suficiente para interpretar o personagem Jake LaMotta aposentado. Incorporou tanto o lutador que acidentalmente quebrou uma costela de Joe Pesci, em uma cena em que ambos lutavam, como sparring. Esta cena inclusive está no filme. Outra vez foi nomeado ao Oscar.
Em “O Poderoso Chefão 2”, de Francis Ford Coppola, para se preparar para o papel, Robert De Niro viveu durante um período na Sicília. Ele já falava italiano, pois é filho de um, mas para ser perfeito, o idioma falado por ele no filme não é italiano tradicional, trata-se de uma combinação de diferentes dialetos do sul da Itália. Bom, ganhou o Oscar.
Daniel Day-Lewis
Se existe alguém que encara “o método” até as últimas consequências, esse cara é Daniel Day-Lewis. No filme “Meu Pé Esquerdo”, para dar vida ao paralítico Christy Brown, acabou quebrando, de fato, duas costelas, mas faturou o Oscar.
Quando fez “Último dos Moicanos” decidiu viver, seis meses, isolado no meio da natureza selvagem, caçando e despelando animais, e ainda aprendeu a construir canoas.
No set de “Lincoln”, de Steven Spielberg ele passou todo o período das filmagens falando como o presidente norte-americano Abraham Lincoln e, na época, assinava qualquer correspondência com A. (de Abraham). Resultado? Ganhou o Oscar.
Jared Leto
Outro “ator do método” que já passou por várias experiências e grandes mudanças físicas em seus papéis. Em “Réquiem Para Um Sonho”, para estudar o papel, o ator passou dois meses morando nas ruas, entre usuários de drogas.
Em “Capitulo 27”, engordou quase 30 quilos para viver o assassino de John Lennon e ficou praticamente irreconhecível.
Em “Clube de Compras Dallas”, o ator levou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por interpretar um transexual soropositivo. Para isso, emagreceu 32 quilos e raspou as sobrancelhas.
No recente “Esquadrão Suicida” o ator deu vida ao vilão Coringa e mergulhou tanto em seu papel que deu presentes bizarros, como ratos, para seus colegasde elenco. Era visto por aí sempre ostentando o mesmo visual do personagem e só aceitava ser chamado de Mr. J (de Joken, Coringa em inglês).
Alguns acham que esses atores e atrizes exageram e são difíceis de conviver ou trabalhar, mas, na maioria dos casos, todos admitem que o resultado é realmente incrível.