Rivalidade em Hollywood: Bette Davis X Joan Crawford
As atrizes Bette Davis e Joan Crawford eram grandes estrelas, nos anos 30 e 40, e que competiam por papéis principais. Bette era a estrela da Warner, enquanto Joan era a queridinha da MGM. As duas nunca se gostaram e viviam dando declarações de mau gosto sobre a outra. Pra ter uma ideia, Bette Davis chegou a declarar que Joan já havia dormido com todos os astros da MGM, exceto a cachorra Lassie (para quem não lembra, a cachorrinha era também uma estrela da MGM e seus filmes eram sucesso).
Em 1961, houve rumores que Robert Aldrich cogitou reunir as duas atrizes veteranas para seu filme, o aclamado clássico “O que terá acontecido à Baby Jane?”. Joan imediatamente disse que isso provavelmente era um boato, afinal, como iriam estar interessados em duas atrizes já coroas? Bette ficou enfurecida e mandou uma nota para a rival pedindo que nunca mais se referisse a ela nesses termos. Mas não era boato, as duas foram escaladas para estrelar o filme.
O filme deu novo fôlego à carreira das duas e se tornou um clássico, mas as filmagens foram um tormento para todos os envolvidos. Elas competiam o tempo todo, a começar pelo tamanho do camarim. Uma história envolvendo a Coca Cola e a Pepsi ficou famosa. Um certo dia Joan decidiu instalar uma máquina de Pepsi no estúdio (ela era viúva do presidente da Pepsi). No dia seguinte, Bette não deixou por menos e mandou instalar, bem ao lado, uma máquina da concorrente Coca-Cola.
Mas o pior foi durante as filmagens propriamente ditas. Numa das cenas a personagem de Bette deveria bater na personagem de Joan, que, com medo, exigiu uma dublê. Mas em uma sequência do filme, o diretor pediu que Joan fizesse a cena e, dizem que, Bette (para dar mais realismo, segundo ela) realmente chutou Crawford. Isso não ficou por menos, no dia seguinte, Joan colocou pesos em suas roupas para a cena em que Bette tinha que arrastá-la. Era sabido por todos que Bette sofria de um problema na coluna e isso fez com que ela se ausentasse das gravações por três dias, pois não aguentava a dor.
O filme estreou em 1962, e foi um sucesso. As duas foram indicadas a vários prêmios, mas somente Bette levou uma indicação ao Oscar de melhor atriz. Como não havia sido indicada, Joan entrou em contato com as outras indicadas se oferecendo para aceitar o prêmio em nome delas no dia da cerimônia. No grande dia, Bette perdeu o prêmio para Anne Bancroft por “O Milagre de Anne Sullivan” e Joan subiu ao palco para aceitar o Oscar em nome de Anne.
Com o sucesso de “Baby Jane” o diretor planejou uma sequência, mas após poucos dias de filmagens Joan Crawford passou mal e foi internada. Quando souberam que ela não poderia voltar ao set, resolveram achar uma substituta. Chamaram Vivien Leigh, mas Bette disse que não estava interessada em trabalhar com a mulher que havia roubado o papel que ela tanto quis (Scarlett O´Hara em “E O Vento Levou...”). Bette exigiu outra atriz e o papel acabou nas mãos da companheira de cena de Vivien no clássico de 1939, Olivia de Havilland, que aliás também tem uma história de rivalidade com sua irmã, a também atriz Joan Fontaine (mais detalhes clique AQUI).
Mas pensa que parou por aí? A rivalidade permanecia, e nas fotos publicitárias do filme Bette fez questão de aparecer segurando uma Coca-Cola, para irritar Crawford. Elas continuaram brigando até Joan falecer. Quando recebeu a notícia Bette declarou: ”Não se deve falar mal de quem já se foi, só se deve falar coisas boas, como : “Que bom, Joan Crawford morreu!”“. A vez de Bette, chegou em 1989.
A rivalidade entre Bette Davis e Joan Crawford não era apenas marketing para promover seus filmes, o ódio era mesmo recíproco e verdadeiro. Além de imortalizadas por suas atuações nas telas, o comportamento das duas fora delas chamava atenção e essa rivalidade permanece até os dias conhecida como uma das maiores da história do cinema.
Nota 1: Parece que Joan Crawford realmente não era boazinha, após sua morte, sua filha adotiva Christina publicou o livro “Mamãezinha Querida” que se tornou best-seller e que descreve o comportamento abusivo de Joan como mãe. O livro deu origem ao filme de mesmo nome com Faye Dunaway no papel de Joan Crawford. Bette não teve nenhum escândalo do tipo, mas eu não duvido que ela também não era flor que se cheire.
Nota 2: Essa história ficou tão famosa que estão filmando uma minissérie baseada nessa rivalidade. Susan Sarandon viverá Bette Davis e Jessica Lange será Joan Crawford.