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Eu, Humano


Não sei quanto a você, mas meu vício do momento é a série “Westworld “ da HBO. Baseada em um filme de 1973 de mesmo nome, a série conta a história de um parque temático futurístico para adultos chamado Westworld. Dedicado à diversão dos ricos, o parque reproduz o Velho Oeste e é povoado por androides programados para acreditarem que são humanos e que vivem no mundo real. Lá, os clientes podem fazer o que quiserem, sem obedecer a regras ou leis. No entanto, quando uma atualização no sistema das máquinas dá errado, o comportamento dos androides começa a sugerir uma ameaça,


O tema “máquinas X humanos” é recorrente, e é abordado por muitos filmes e livros, que vão de “Blade Runner” a “O Exterminador do Futuro”. Nas histórias mais assustadoras os androides praticamente viram “humanos” e se revoltam contra seu criador. O religiosos agora poderiam até dizer “Quem mandou brincar de Deus?”. Bom, o escritor Isaac Asimov, autor de “Eu, Robô”, que depois virou filme, já havia pensado na possibilidade da revolta das máquinas e criou as Três Leis da Robótica. Essas leis são na verdade três princípios que permitem controlar e limitar os comportamentos dos robôs que Asimov trazia à existência em seus livros de ficção científica.

 

As Três Leis da Robótica:

1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.

2ª Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.

3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Lei.

 

Outro que já previa a inteligência das máquinas é o matemático inglês Alan Turing, que desenvolveu em 1950 o Teste de Turing, que testa a capacidade de uma máquina exibir comportamento inteligente equivalente a um ser humano. Segundo ele, se uma máquina era indistinguível de um ser humano, então ela era capaz de “pensar”.


O teste de Turing, que é considerado um “Jogo da Imitação” (aliás, esse é o nome do filme que conta um pouco da história desse gênio, se não assistiu corre assistir). Nele, um humano, o juiz, entra em uma conversa, com outro humano e uma máquina projetada para produzir respostas indistinguíveis de outro ser humano. Todos os participantes estão separados um dos outros. Se o juiz for enganado mais de 30% do tempo de modo a pensar que está teclando com uma pessoa em vez de um computador, então tal máquina pode ser considerada inteligente.

Em 2014, pela primeira vez uma inteligência artificial conseguiu enganar 33% dos juízes em um teste de Turing. Não sei se isso é tão alarmante, pois a visão do teste foca mais na capacidade de raciocínio e na lógica, sem falar em emoções ou sentimentos. No filme “Blade Runner” há um teste, na verdade uma entrevista, para saber se o indivíduo é um humano ou um replicante (o nome dado aos androides no filme) que faz mais sentido, apesar de ser um teste fictício. Nesse teste, é avaliada a reação dos entrevistados, como a dilatação da pulpila, a mudança de voz e a velocidade com que responde às questões.


Sim, porque inteligência é algo mais amplo, não é apenas uma questão de lógica. O conceito de ser ou não 'humanamente inteligente' lembra aquela cena clássica de “Blade Runner”, que não à toa está entre meus filmes favoritos, em que o replicante vivido pelo ator Rutger Hauer desabafa, debaixo de chuva forte, que possui mais memórias do que qualquer humano já teve e que, sendo assim, porque não pode ser considerado um humano? (Veja a cena abaixo)

O assunto passa a ser até filosófico. Em “AI-Inteligência Artificial” um androide, na forma de um menino, sofre durante o filme inteiro querendo ser amado por sua “mãe”. Em “Blade Runner” os replicantes só querem encontrar seu criador para pedir mais tempo (eles têm prazo de validade). Tudo isso nos leva a questões essencialmente humanas. A necessidade de ser amado, de querer mais tempo de vida, de conhecer seu criador. E voltando a “Westworld”... o desejo de vingança.


Mas o que mais me assusta são os assuntos abordados em outra série maravilhosa, “Black Mirror”. Cada episódio da série é uma historinha, assim como na saudosa “Além da Imaginação”, mas todos têm em comum a mesma temática, que é o homem e seu relacionamento com a tecnologia. Em um dos episódios as pessoas são capazes de bloquear alguém de sua vida, assim como fazemos no Facebook por exemplo, em outro, a quantidade de likes que uma pessoa recebe em uma rede social determina toda a sua vida, como o tipo de lugares ela pode frequentar ou o que pode comprar. Não vou revelar muita coisa para não estragar.

Num mundo onde dependemos da memória do smart phone, do conhecimento do Google, ou das redes sociais para saber como andam os amigos, só para citar alguns exemplos, acredito que as máquinas, sejam elas mais inteligentes ou não, de alguma forma, já dominaram os humanos, e aí me incluo. Isso é necessariamente ruim? Ou é só o futuro que chegou? Será que nos tornaremos tão solitários que nos apaixonaremos pela voz de uma inteligência artificial como no filme “Her”? Será que prenderemos os bandidos antes mesmo deles cometerem um crime, como em “Minority Report”? Será que todos vivemos em mundo virtual, criado pelas máquinas, como em "Matrix"? Será que sou um androide que acha que é humano como em “Westworld”?


Confesso que enquanto escrevo esse texto e reflito sobre tudo isso vou ficando um pouco angustiada e desconfortável. Aí penso: “Normal, isso é ser humano.” Ou não?




DICAS DO MÊS

Julho 2018

#Música
Niall Horan
Para você que curtia o One Direction.

Acontece: dia 10 de Julho em no Citibank Hall São Paulo.

#Compras
Muji Pop-Store
Para você que é gosta de design.

Acontece: Até o dia 26 de Junho na Japan House em São Paulo.

#Cinema

Homem Formiga e a Vesta

Para você que é fã da Marvel.

Acontece: a partir de 05 de Julho

nos cinemas.

#Série

Unsolved

Para você que se interessa por histórias reais.

Acontece: disponível no catálogo da Netflix.

#Teatro

Noite de 16 de Janeiro

Para você que gosta de histórias de tribunal.

Acontece: em cartaz no Teatro Tuca em São Paulo .

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