Esther Rooftop: história e gastronomia

Esse final de semana fui comemorar o aniversário de uma amiga em um restaurante que já queria conhecer há algum tempo. Trata-se do restaurante Esther Rooftop do chef Olivier Anquier. restaurante fica no rooftop do Edifício Esther, por isso o nome, localizado na Praça da República, no coração de São Paulo. Muitos não sabem, mas esse é um dos mais importantes edifícios de São Paulo, tombado em 1988, e que foi um marco no processo de verticalização da cidade por ser considerado o primeiro prédio moderno de São Paulo.

O difícil foi construído da década de 1930 para ser a sede da usina de açúcar Esther, pertencente ao industrial Paulo Nogueira. Os arquitetos Vital Brazil e Ademar Marinho conceberam um projeto inovador para sua época. A inspiração vinha da Bauhaus, escola alemã de artes e arquitetura que representava a vanguarda da época. Suas extensas janelas com vista para a República, que passava uma impressão de nudez à sociedade da década de 30, e escandalizaram a moral predominante na época, pois as pessoas ficavam muito expostas. Na inauguração chamaram até um padre para benzer o edifício com a função de atestar respeitabilidade e distinção ao empreendimento.

A partir da década de 1940, artistas, pintores, boêmios, escritores, jornalistas e o fino da sociedade cultural paulistana, passaram a habitar o endereço. Rino Levi, Di Cavalcanti e Assis Chateaubriand já moraram ali e a cobertura, onde hoje fica o restaurante, foi ocupada durante anos por Marcelino de Carvalho, colunista social do Estadão e que recebia no seu apartamento as celebridades da época. Enquanto na cobertura rolavam as festas na cobertura, no subsolo ficavam os clubes privése e boites. Dizem que foi ali que Assis Chateaubriand iniciou as tratativas para a construção do que alguns anos depois o Museu de Arte de São Paulo, o MASP.

Durante duas décadas e meia, o Esther foi dos mais glamorosos endereços de São Paulo, até que em 1965 o edifício foi vendido e começou o processo de decadência. Mesmo assim, em 2006 Olivier Anquier, que adora caminhar pelas ruas do Centro, escolheu morar na cobertura do Esther após reforma que manteve as características originais do apartamento.

Passado algum tempo, Olivier se mudou para o outro lado da Praça da República e reformou o apartamento para abrigar um restaurante, isso depois de ter passado seis anos convencendo a administração do Esther a fazer no rooftop um restaurante. Isso foi possível porque o Edifício Esther era moderno não só por sua arquitetura, mas também por ser um dos primeiros edifícios a propor o uso misto do seu espaço.

Bom, quanto ao restaurante, eu gostei bastante, mas confesso que minha vontade era mais de conhecer o local do que até experimentar a comida. No final essa parte foi uma grata surpresa. Enquanto esperávamos pela mesa no bar, eles não fazem reserva e ainda queríamos uma mesa no terraço, pedimos como petiscos Rolinhos Crocantes de Lagostins e Raviolis Vegetais de Tartare de Peixe. Estavam muito bons, mas os rolinhos talvez pudessem ser menos salgados. Como prato principal pedi Arroz Cremoso de Frutos do Mar Thai que estava ótimo, mas meus amigos que pediram o prato Viaja um Pouco, que na verdade é um carré de cordeiro assado, reclamaram que veio muito mal passado e que quase não tinha guarnição. Para a sobremesa dividimos o Brioche Esther e o Arroz Doce Cremoso com Baunilha. Ambos deliciosos, principalmente o arroz doce.

O restaurante não é barato, mas achei que valeu a pena para conhecer o Edifìcio Esther, apreciar a vista, comer uma boa comida e desfrutar de boa companhia. Ah! Quando cheguei ele já tinha ido embora, mas meus amigos que chegaram antes encontraram o Olivier Anquier que sempre é muito simpático com os clientes. Além disso, no piso térreo do mesmo edifício ele abriu uma padaria chamada Mundo Pão, mas quando saímos do restaurante já estava fechada. Vai ficar pra outra vez.