A história por trás da canção: "Drão" de Gilberto Gil
Em 1981, poucos dias depois da separação, Gilberto Gil escreveu “Drão”, uma canção para sua recém ex-esposa, Sandra Gadelha. Ela foi a terceira esposa de Gil, os dois foram casados por 17 anos e tiveram três filhos: Pedro, Maria e Preta.
Ainda na infância Sandra foi apelidada de Drão por Maria Bethania, como um diminuitivo carinhoso para Sandrão. Apesar de Gil nunca tê-la chamado por esse apelido foi ele o escolhido para dar título a música.
Considerada uma das músicas mais lindas de Gil, a letra não fala sobre separação em si, mas sobre o amor. O amor que não morre, mas se transforma. Assim como o trigo, ele nasce, vive e renasce de outra forma (“Quem poderá fazer aquele amor morrer, se o amor é como um grão: morre, nasce trigo, vive, e morre pão!”).
A música também faz referências à vida do casal como a cama de tatame onde costumavam dormir (“cama de tatame pela vida afora”) e aos três filhos frutos do relacionamento deles (“os meninos são todos sãos”).
Gil diz que foi bem difícil escrever a letra, uma poesia profunda e sutil do amor e do desamor. "Como é que eu vou passar tanta coisa numa canção só?". Gil meu querido, você conseguiu.
Abaixo vídeo e letra dessa linda canção para você cantar enquanto assiste.
Drão (Gilberto Gil)
"Drão, o amor da gente é como um grão, uma semente de ilusão, tem que morrer pra germinar, plantar nalgum lugar, ressuscitar no chão nossa semeadura! Quem poderá fazer aquele amor morrer? Nossa caminha dura! Dura caminhada pela estrada escura. Drão, não pense na separação, não despedace o coração, o verdadeiro amor é vão, estende-se, infinito, imenso monolito, nossa arquitetura. Quem poderá fazer aquele amor morrer? Nossa caminha dura! Cama de tatame pela vida afora... Drão, os meninos são todos sãos, os pecados são todos meus, Deus sabe a minha confissão, não há o que perdoar por isso mesmo é que há de haver mais compaixão! Quem poderá fazer aquele amor morrer, se o amor é como um grão: morre, nasce trigo, vive, e morre pão! Drão".